sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Governo e Sociedade pressionam cartolas olímpicos a mudar eleição e gestão.

20/10/2012
Rio Janeiro, RJ

O presidente do Brasil, só se reelege 1 única vez.


Sem ter como impor uma legislação, o Governo Federal pressiona as confederações olímpicas por maior democratização e profissionalização de gestão em troca dos investimentos do Plano Medalha para os Jogos do Rio-2016. É um dos temas que os representantes do Ministério do Esporte colocarão na mesa na primeira reunião com representantes das entidades e do COB sobre o projeto, nesta quarta-feira em Brasília.

A presidente Dilma Roussef anunciou em setembro um plano para investir no total R$ 2,5 bilhões para transformar o Brasil em potência olímpica em 2016. A meta é ficar entre os dez primeiros no quadro de medalhas. Agora, governo e dirigentes sentam para detalhar o projeto.

Na reunião desta quarta-feira, o Ministério do Esporte tem como principal objetivo traçar como será o funcionamento técnico do plano, com regras para a inclusão de atletas e projetos no plano. Mas a liberação de dinheiro público levará em conta a gestão da confederação, entre outros fatores que vão determinar a avaliação de cada entidade.

"Vamos analisar indicadores gerais [para decidir a verba]. Vai estar na mesa a questão da gestão. Queremos um compromisso de gestão", afirmou o secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento, Ricardo Leyser. "Não será o centro do plano de medalhas. Mas isso será abordado porque é importante para ter sucesso na obtenção de medalhas."

Entre os pontos defendidos pelo Ministério estão regras para maior democratização como o aumento do colégio eleitoral, com participação de atletas e ex-esportistas, regulamentos de votação mais claros e a limitação de mandato - essa última só pode ser imposta por lei. Mas o governo também quer medidas de profissionalização como instituição de auditorias, melhoria da comunicação para atrair investidores privados e contratação de técnicos.

Esses itens são medidos por um sistema de avaliação da gestão das confederações usado pelo ministério em caráter experimental desde 2011. O sistema, agora, passa por ajustes e será utilizado para examinar as entidades e, consequentemente, a verba que vão receber do plano.

A pressão ocorre justamente na semana em que o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, será reeleito sem oposição para completar para mais quatro anos, o que o deixará 19 anos à frente da organização. E há resistência dos dirigentes a imposições do governo federal sobre suas regras: só aceitam sugestões e não gostam da limitação de mandatos.

O Ministério trata de desvincular seus pedidos da reeleição de Nuzman e diz que só haverá limitação de mandatos se for aprovada uma lei, embora recomende a medida. "Enfim, estamos trabalhando neste negócio. Conforme saírem leis, vão precisar se adaptar. Não fazemos isso atrelado a ninguém", disse Leyser.
A pressão do governo por mudanças na gestão se iniciou antes da reunião de hoje. Já houve encontros com 21 confederações para mostrar como o governo espera modificações na forma de administrar as entidades, entre outros temas. Agora, isso será consolidado.

“Vamos fazer algumas mudanças estatutárias, parciais ou integrais, para atender o que eles querem. Discutimos bastante essas questões. Há uma posição da sociedade, que vem muito mais da imprensa, por mudanças. Mas eu não troco viagem, por exemplo, por voto”, explicou o presidente da Confederação de Handebol, Manoel de Oliveira.

O exemplo do Ministério é o que ocorreu na Confederação Brasileira de Atletismo, que abriu o voto para atletas e técnicos nas últimas eleições. O presidente Roberto Gesta Mello, após longa gestão à frente da entidade, sairá no final do ano para ser substituído por José Antônio Martins Fernandes, o Toninho.

“O colégio eleitoral tem que ser o mais amplo possível. Mas como decidir quem vai votar? Um ex-atleta pode não estar mais envolvido no judô. Que validade terá para votar? Outro pode ser ativo e deve ter direito. Pode haver uma discussão, mas sem imposição”, defendeu o presidente da Confederação Brasileira de Judô, Paulo Wanderley.

A tese de que o Ministério tem direito de cobrar resultados é aceita pelos dirigentes, mas a rejeição deles a intervenção é quase unânime.

“É meu último mandato: não me afetaria. Mas as confederações têm que ter autonomia de gestão. O Ministério tem a ideia dele. Me dou muito bem com o ministro [Aldo Rebelo]. Se vier uma limitação de mandato, esse já é o meu último”, argumentou o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, Coaracy Nunes.

Um dos principais aliados de Nuzman, e um dos dirigentes mais longevos, Coaracy entende que já está em curso uma mudança de gestão das entidades sem interferência do ministério. “A democratização tem sido feita. A maioria das pessoas das confederações é nova. Só ficou. quem deu certo." O Ministério do Esporte concorda que houve melhorias em algumas entidades, mas entende que o processo tem que ser acelerado.

Questionado sobre o “Plano Medalha”, o COB disse, por meio da assessoria, que participa da elaboração do projeto deste o início, juntamente com o Ministério do Esporte. E que já fez reunião prévia com o governo após Londres-2012.

“O Plano Brasil Medalhas 2016 é fruto de um estudo iniciado pelo COB em março de 2012, em parceria com as confederações brasileiras olímpicas e o Ministério do esporte, com o objetivo de diagnosticar as possibilidades de resultados de modalidades em 2016, orientar o planejamento da preparação e treinamento dos atletas (...) e executar e monitorar ações planejadas”, informou a assessoria do COB.

Questionado sobre medidas para democratização das entidades olímpicas, o comitê olímpico não respondeu ao UOL.
Rodrigo Mattos  Do UOL

Divulgação JUDOinforme
Prof. Rocha - Jornalista

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